terça-feira, 6 de julho de 2010

Ressurgindo das Cinzas - 02:15

Dando vida novamente a este blog. Sim, novamente. Antigamente conhecido por estezuda.blogspot.com e agora como depoistedigo.blogspot.com, mas nunca deixando de ser o Voragem, este blog está voltando à tona, das mais profundas ilhas do esquecimento do Reino Tão Tão Distante ao quadrado, para quem quiser ler. Aqui você encontrará de tudo, cotidiano, sarcasmo, ilusões e desilusões, segredos e até mesmo contos de fadas - talvez contos de fadas não, mas não se preocupe com isso agora - dos mais estranhos já contados. Muito aconteceu desde a minha última postagem. Eu, que morei em Campina Grande por dois anos e meio, voltei a morar no Rio de Janeiro e já estou aqui há um ano e meio. Por alguma razão eu deletei todas as postagens anteriores e o blog ficou sem vida, esquecido por mim e pelos muitos curiosos que gostavam de ler sobre minhas decepções amorosas e travessuras escolares. Agora com dezenove anos, desempregada e desuniversitária, volto a escrever, e ,dessa vez, não para falar sobre alguma suspensão injusta ou amores não-correspondidos - impossível, amores não-correspondidos sempre são bem-vindos aos blogues, apesar de não serem à minha vida e a invadirem mesmo assim - mas para falar sobre qualquer coisa que estiver tirando minha atenção ou a merecendo. Neste exato momento eu estou sentada no chão do meu banheiro, com medo que meu pai acorde e brigue comigo por eu estar tão tarde na internet, e só consigo pensar em duas histórias para contar aqui. A primeira é um tanto... bem, eu não sei nem como explicar, por isso vou lhe contar. Há alguns dias atrás eu ganhei uma camisa da Universidade de Oklahoma. Existe toda uma história por trás dessa camisa, mas não vale a pena entrar em detalhes porque, garanto, para vocês seriam linhas desinteressantes. Eu decidi usá-la para ir ao banco com os meus pais. Algo que deve ser lembrado é que é uma camisa masculina, então, obviamente, estaria larga em mim, o que me deu um tom de "não me preocupo com o que eu visto". Chegamos ao banco. Além do segurança, só nós três estávamos ali. Naquele momento, apenas quatro máquinas estavam à disposição. Ou seja, meus pais ocuparam uma e eu, como não tinha o que fazer a não ser esperar, comecei a catucar os botões, sem me aperceber de que, repentinamente, o local estaria lotado. Sim, formou-se uma fila de clientes, apressados e estressados, assim como todo bom trabalhador, e quando eu me dei conta não soube exatamente o que fazer. Eu realmente achei que eles iriam soltar alguma dessas frasesinhas que ninguém gosta de ouvir, então saí da máquina sem olhar para ninguém, fui de encontro aos meus pais e comecei a me chacoalhar como uma criança autista. Tratei de arquear um dos pés para dentro e não pisar nas linhas. Se deu certo? Hm, todo mundo ficou com peninha de mim. E por dentro eu me senti mesmo autista, eu fazia as regras no meu próprio mundo alheio. E a outra história... talvez essa postagem fique gigante, mas eu vou escrever mesmo assim, pois eu sempre me esqueço se eu não escrever. Então, é melhor as palavras ficarem aqui, salvas mas não lidas, do que perdidas em algum lugar dentro de mim. A segunda história não é muito boa. Ela não aconteceu na semana passada ou no mês passado. Aconteceu há cinco anos atrás, quando eu dei o meu primeiro beijo. Naquela época eu gostava de dois garotos. Talvez, você, que nunca gostou de duas pessoas ao mesmo tempo, esteja pensando algo como "nossa, dois garotos", mas, é... dois garotos não é algo fora do comum. Você deveria estranhar se eu falasse duas garotas, enfim. Um deles era roqueiro, popular. Todos os meninos queriam ser como ele e as meninas queriam namorar com ele. Ele não gostava de estudar e, na verdade, era um pouco estúpido, mas era a pessoa mais engraçada que poderia existir. O outro era inteligente, desenhava bem, era até bonito, gostava de animê, mas tinha letra de menina. Usei a conjunção adversativa porque para mim isso não é uma qualidade muito admirável. Concordo com a frase "macho que é macho tem letra feia", claro que isso é apenas uma opinião minha e não está ligada à opção sexual de ninguém. Eram pessoas com pouco em comum. Onde eu estou tentando chegar? Se existe algo que consegue nos influenciar mais do que tudo nesta idade, isso é o sexo oposto. No meu caso, meninos. Eu nunca tive a letra lá essas coisas e costumava levar tarefa-cartilha para a casa durante o tempo da alfabetização até a segunda série. Meus maiores problemas eram com as letras "r" e "s". Eu, até hoje, simplesmente não consigo fazer o "r" quadrado. Conseguir até consigo, sabe? Mas dá um sufoco no âmago e só me sinto bem quando a tal letrinha sai redondinha. O "s"? Sim, tem que ser redondinho também. Todas as professoras reclamavam de quando eu usava "sc", pois parecia mais uma letra "x". Mas o "s" minúsculo é o de menos, sou quase Monk quando se trata do maiúsculo. Tenho PA-VOR desse "S" block capital, ou capital letter, seja lá como você chamá-lo. E se tem algo mais pavoroso do que erres quadrados e esses maiúsculos, isso é pingo de círculo no "i". Se você leu até aqui, devo lhe dar parabéns! Você está lendo o texto de uma pessoa compulsiva, ainda bem que eu não disse que seria fácil. O que eu quero dizer é que eu comecei a usar este horrendo círculo como um pingo no "i". E por quê? Porque o menino roqueiro também usava. Eu sei que agora, nessa minha idade, meninos não influenciam tanto, pelo menos não em mim... a não ser uma pessoinha aí, que influencia diretamente no meu humor. É sobre essas influências que eu fiquei pensando. Naquela época eu gostava de solos de saxofone e Jazz, mas comecei a ouvir Roque por causa desse menino. Eu voltei a desenhar só para mostrar meus desenhos para o menino inteligente. Eles me influenciaram muito naquele ano. E se alguém aí está se perguntando qual dos dois eu peguei, eu acabei beijando o roqueiro. E foi a única pessoa que eu beijei em dois anos. Por dois anos eu ouvi roque, deixei de ser uma aluna exemplar, comecei a sentar no fundo da sala e recebi a minha primeira nota baixa em matemática. Isso só voltaria a acontecer novamente no 2º ano do ensino médio. Eu fiquei triste. Meu pai viu que as coisas não andavam bem e me mudou de escola. Às vezes eu penso comigo, eu deveria ter beijado o menino inteligente. Eu teria boas influências: ir à igreja, tocar contrabaixo - engraçado que isso acabou acontecendo sem interferência dele, pois cheguei a tocar com uma banda no ano passado -, desenhar, estudar, essas coisas que a gente se arrepende de não ter feito. Bem, hoje eu sou uma menina que continua gostando de solos de saxofone, ainda desenha, mal assiste animê, aprendeu a gostar de roque, ganhou duas olimpíadas de matemática no ensino médio e parou de usar aquele círculo no "i", porque, cá entre nós, círculos combinam melhor com Geometria.

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